Publicações sobre educação não chegam a 5% do conteúdo de presidenciáveis nas redes sociais, alerta Frente da Educação

FPME reforça importância do debate sobre o tema na reta final da campanha ao Palácio do Planalto. Números fazem parte de levantamento inédito encomendado pela Frente, que distribuiu carta com sugestão de prioridades para candidaturas

A Frente Parlamentar Mista de Educação (FPME) encomendou, com exclusividade, o  estudo Relatório Brasil – Edição Educação, sobre a forma que os presidenciáveis tratam do tema Educação nas redes sociais e a repercussão que o conteúdo gera. Foram analisadas 36.957 publicações no Facebook, Instagram e Twitter desde o início da campanha, em 16 de agosto, tanto em postagens feitas pelos candidatos em seus canais quanto em perfis de veículos que citam os políticos e tratam do tema.

Ao todo, as publicações geraram quase 380 milhões de interações (entre curtidas, compartilhamentos e comentários). Sobre o tema, foram 178 postagens de um total de 4.075, que leva a um percentual de 3,78%. O candidato que mais falou sobre o tema foi Ciro Gomes, com 79 publicações, 23 a mais que Lula, que, com 48 posts, é o segundo lugar. Simone Tebet vem em terceiro, com 39, e Bolsonaro tem 12.

Quando se leva em conta a quantidade total de postagens feitas por cada candidato, Ciro, Simone e Lula ficam acima ou na média (3,6%), com 4,51%, 4,68% e 3,6%, respectivamente. Já Bolsonaro, com 1,55%, fica abaixo. Quando olhamos para a repercussão das publicações que tratam da educação, o engajamento cai entre os seguidores de Bolsonaro (64%) e Ciro Gomes (70%). O oposto foi verificado nas redes de Lula (107%) e Simone (106%).

“O percentual é baixo dada a importância do tema. É preciso aproveitar que a população está atenta aos candidatos até domingo e trazer quais são as prioridades de cada um para o próximo mandato”, afirma o deputado federal Israel Batista (PSB-DF), presidente da Frente. “Teremos na próxima quinta (29), o debate entre os presidenciáveis e é uma ótima oportunidade”, destaca Israel.

O estudo foi produzido pela DSC LAB, agência de comunicação digital, e soma postagens e interações feitas desde o início da campanha, em 16 de agosto, até o último domingo. Em vez de se concentrar apenas nas postagens feitas pelos candidatos, a pesquisa também buscou as publicações dos principais veículos de mídia para medir a associação de cada presidenciável com o tema e também trazer assuntos não abordados pelas campanhas.

“Os candidatos não parecem ter uma forma sistematizada de explicar ao eleitor qual sua visão sobre o que pretende fazer pela educação nos próximos quatro anos. Pelo menos não nas redes sociais. As publicações, em regra, tinham mais a ver com agendas e, em grande parte, traziam feitos do passado, incluindo depoimentos e números”, explica Tiago Falqueiro, diretor do DSC LAB e responsável pelo estudo.

Mídia

Quando são analisados os 31.932 posts feitos pelos veículos de comunicação que relacionam os candidatos e o tema, o que foi mais citado é Lula, com 60 publicações em um total de 11.593 (0,52%). A frequência é maior, proporcionalmente, com Simone Tebet, com 21 postagens de 2.773 (0,76%). Bolsonaro teve 38 ocorrências de 12.615 (0,3%); e Ciro 25 de 4.951 (0,5%).

O post da mídia que gerou mais interações ocorreu no Instagram e tratou do discurso do presidente nas comemorações do 7 de Setembro em Brasília. Mas a fala destacada é de Lula, que comentou: “Ninguém quer se Bolsonaro é brocha ou não é brocha. Não é problema nosso. A gente quer saber se vai ter emprego, se vai ter salário, se vai ter educação”, disse.

Repercussão

A publicação de candidatos com maior repercussão sobre o tema também ocorreu no Instagram, no perfil de Lula, somando 1.184.725 interações. O post é uma republicação do ator Bruno Gagliasso, que postou uma foto do encontro com o ex-presidente e tratou de temas como racismo e a proteção de populações mais vulneráveis, como negros, indígenas e quilomboas.

“E saio deste encontro com as esperanças renovadas e com a certeza de que outro Brasil, mais justo e solidário, é possível. Um país de todos e todas. Um Brasil de ideias, que investe na educação, que protege seus biomas, que respeita sua gente e permite seu povo a sonhar”, defendeu. A citação de uma frase de Paulo Freire também rendeu ao candidato petista associação com o tema em publicações.

As publicações de Lula sobre o tema trazem o link das propostas para a Educação, afirma que o tema é investimento e reforça bandeiras de seus governos passados, como Fies e Prouni, além da criação de campi de universidades públicas e institutos federais. “Estamos assumindo um compromisso em melhorar a educação, a ciência e tecnologia. Vamos ter que recuperar a normalidade das nossas instituições”, escreve no Twitter.

O presidente Bolsonaro, em sua publicação que mais repercutiu sobre o tema, tratou do reajuste do piso salarial aos profissionais da educação, enquanto elencou ações de seu governo. “Diziam que os professores seriam desvalorizados. Nós promovemos o maior aumento da história para profissionais do ensino básico. Diziam que o desemprego aumentaria. Caiu para um dígito pela primeira vez”, afirmou.

Em linhas gerais, o mandatário trabalha no tema com uma espécie de prestação de contas, publicando sobre ações de governo, como a liberação pelo MEC de recursos para institutos federais, universidades e hospitais universitários e redes de pesquisa. Como vacina às polêmicas no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), anunciou um programa de fiscalização no órgão, o Malha Fina FNDE.

Já Ciro Gomes mistura as propostas para a educação e os resultados conquistados em seus governos e de seu grupo político no Ceará e em Sobral (CE). “Quando o trabalho de longo prazo é bem-feito, o resultado sempre aparece e PERMANECE. Vocês viram o resultado do Ideb, divulgado ontem? As dez melhores escolas públicas do Brasil nos primeiros anos do ensino fundamental (1º ao 5º ano) são TODAS do Ceará”, afirmou.

“É com base nesse modelo que pretendo transformar a educação pública brasileira numa das dez melhores do mundo em 15 anos!”, concluiu a postagem com maior número de interações, em seu Instagram, com 20.404 interações. Em seu tuíte com maior engajamento (5.687) reforçou a prioridade que dá ao tema ao citar sua participação no debate promovido pela Rede Bandeirantes.

“A primeira participação de Ciro no debate foi sobre EDUCAÇÃO PÚBLICA. E ele mostrou porque é o candidato mais preparado. Confira aqui. #CiroNaBand”, postou. Simone Tebet repercutiu com a proposta de oferecer aos alunos do ensino médio uma poupança de R$ 5 mil. Em geral, as citações feitas em posts da candidata estão em conjunto com outros temas da pauta social (moradia, saúde, emprego e segurança alimentar).

Principalmente no Twitter, Tebet detalha algumas de suas propostas, e o foco principal é a capacitação profissional e a importância da educação como investimento para reforçar a economia. “O Brasil não cresce, pois não há investimento em educação, investimento no futuro. Vamos investir na indústria do conhecimento e, com a Poupança Jovem e ensino técnico profissionalizante, vamos garantir jovens mais preparados para o mercado de trabalho”, afirmou.

» Veja mais dados em relatoriobrasil.com.br/educacao.

Planos de governo

A FPME ainda analisou os planos de governo dos presidenciáveis quanto à adequação à Carta enviada às candidaturas. Simone Tebet trata de todos os 11 temas abordados, enquanto Lula endereça sete e Bolsonaro e Ciro, 5 cada. Confira o levantamento na íntegra e a carta enviada aos presidenciáveis.

Leia na íntegra a Carta aos Presidenciáveis aqui

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Sobre a FPME

Formada em abril de 2019, é a maior frente do Congresso Nacional. Pluripartidária, é composta por 312 deputados federais e 42 senadores e tem como missão defender uma educação pública de qualidade para as crianças, jovens e adultos brasileiros. Articulou ações importantes para a Educação como a aprovação do Novo Fundeb, a tramitação do Sistema Nacional de Educação e medidas para o enfrentamento do impacto da pandemia no setor.

Saiba mais: www.frentedaeducacao.org.br

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