FPME traça panorama sobre mulheres na educação e alerta para apagão na área de ciências exatas

As adversidades nas políticas educacionais brasileiras pioraram de maneira significativa nos últimos anos. No mundo, mulheres representam 28% das pesquisadoras, de acordo com a Unesco. No Brasil, apesar de a situação parecer um pouco melhor num primeiro olhar – segundo o Open Box da Ciência, dos cientistas que declararam ter doutorado na Plataforma Lattes, 40,3% são mulheres – a dificuldade que elas enfrentam para ascender profissionalmente é enorme. Um levantamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de 2017, mostrou que dos 112 pesquisadores sênior, apenas 27 são do sexo feminino.   

Este cenário reflete nas ciências exatas e traz um prognóstico grave. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), apenas 35% dos estudantes matriculados nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática são mulheres. A situação não é muito diferente no Brasil. Pesquisa realizada pela Open Box da Ciência, do Instituto Serrapilheira, afirma que os homens ainda são maioria nas engenharias (74%) e nas ciências exatas e da Terra (69,9%). 

Muitos fatores contribuem para essa situação. Em entrevista ao Correio Braziliense, Susane Ramalho, professora do campus de Planaltina da Universidade de Brasília, explica que a disparidade entre homens e mulheres nas ciências exatas se deve também à falta de incentivo às meninas e de representatividade na área. Além disso, Susane chama a atenção de que, em 20 anos, diversas profissões desaparecerão e grande parte das que ainda terão mercado estão na área das ciências exatas, incluindo professores dessas matérias.

Assim, com o baixo número da inserção feminina neste campo, há um grande risco de apagão na educação pública se nada for feito. A nota técnica “Gestão de professores: uma abordagem sistêmica para as redes públicas”, elaborada pelo Instituto Península e pela Fundação Getúlio Vargas, cita relatório do Conselho Nacional de Educação sobre a lacuna de docentes. “Faltam professores em disciplinas específicas, principalmente, química, física, biologia e matemática, e de forma mais preponderante nas regiões Norte e Nordeste”, explicita o documento.

“O apagão pode ser revertido valorizando a carreira docente e criando políticas de incentivo para captar alunos engajados com a potência transformadora da profissão”, explica Heloisa Morel, diretora-executiva do Instituto Península. “Não podemos permitir nenhum tipo de apagão na educação. Os professores são peça central para criar um país mais próspero para todos. É fundamental estruturar políticas que olhem quem quer ser professor, qual seu conhecimento didático, como vai se desenvolver ao longo da carreira, como a sociedade valoriza essa profissão. É fundamental construir estratégias que fortaleçam a docência como a profissão responsável pelas novas gerações de brasileiras e brasileiros”, completa.

A nota ainda mostra que o Brasil formou mais de 200 mil professores por ano na última década, com destaque para os cursos de pedagogia. Mas não supre as necessidades. “Considerando os padrões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre a adequação do número de alunos por professor, a oferta de profissionais egressos dos cursos de licenciatura ainda é baixo para a necessidade atual, sobretudo para algumas áreas do conhecimento”, esclarece o texto.

Confira a íntegra da nota técnica elaborada pelo Instituto Península e pela Fundação Getúlio Vargas clicando AQUI (https://institutopeninsula.org.br/wp-content/uploads/2022/01/Nota-Tecnica.pdf)

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