Mudança da formação inicial é essencial para novos rumos da educação básica

É necessário melhorar a formação inicial do professor para que ele esteja preparado para ensinar na sala de aula. Essa conclusão foi constatada no segundo dia do Ciclo de Debates, evento promovido  pela Frente Parlamentar Mista de Educação (FPME) em parceria com a Associação Nacional de Educação Básica Híbrida (ANEBHI). Nesta segunda mesa, o tema debatido foi a “Formação de professores/alfabetização” e contou com a participação do membro do movimento Todos Pela Educação Emilio Munaro, o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), a líder do Movimento pela Base, Alice Andrés, a doutora em educação Guiomar Namo de Mello e o membro do Conselho Nacional de Educação Mozart Neves, 

O prof. Mozart Ramos, primeiro a fazer exposição, questionou sobre as competências da formação inicial. Segundo ele, para mudar o professor é necessário mudar a universidade. “Sem mudar a universidade, não há mudança na educação, pois a formação não dialoga com o chão da escola”. Ele destacou que o Ensino Médio vem mudando e o acompanhamento só será possível se os professores foram treinados com qualidade, capacitados ainda na formação inicial. 

Para o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), o problema é estrutural. O parlamentar destaca que a docência é uma carreira pouco atrativa e a formação dos professores não é de qualidade. “A formação inicial no Brasil é sofrível. Escuto que a Universidade precisa entender como é o funcionamento da escola, da sala de aula, mas nada muda”, recorda. O problema, ele indica, é que como a formação inicial é falha, compete ao gestor investir na formação continuada, e aí vem problemas como investimento e oportunidades. 

Carreira, formação inicial, formação continuada é, segundo o deputado Idilvan Alencar, um problema regional. “Nesses dois anos como parlamentar, esse tema ainda não apareceu na Comissão de Educação”, ressalta. Com a formação integrada e completa, o Brasil certamente é quem vai ganhar. 

Emílio Mauro, do Instituto Ayrton Senna, levanta que o educador está submetido a uma série de situações e demandas no âmbito da relação, seja interno ou externo. “Uma série de pesquisa indica que a autoeficácia do educador é capaz de diminuir a ocorrência do estresse além de aumentar o nível de comprometimento com a profissão”, informa. 

A Base Comum Curricular vem de encontro às necessidades expostas pelos especialistas. A líder Alice Ribeiro, do Movimento Pela Base, fez uma analogia, explicando que a Base Comum Curricular é uma espécie de coração que indica o que cada estudante tem direito de aprender. “É uma das poucas políticas de estado que encontrou continuidade, mesmo em meio a um momento turbulento da política”, aponta. 

A especialista bem lembrou que, mesmo com a pandemia, a maior parte do País já decidiu qual currículo da BNCC vai seguir. “O apoio do Congresso tem sido essencial para dar visibilidade a esse trabalho”, celebra. 

A professora Guiomar Namo de Mello destacou, no entanto, que as Universidades têm autonomia. Ela sugeriu um grande movimento, com o envolvimento de todos para fazer pressão nas instituições. “Não existe nenhuma universidade preparada para ensinar o professor do século XXI”, cravou. Para ela, existe um conjunto institucional com muita força. “Nós teríamos que fazer um Pacto Nacional em favor das universidades, com a coordenação do Ministério da Educação ou não”, indica. 

O Ciclo de Debates acontece durante toda a semana, até o dia 26, das 19h às 21h, com lives de autoridades e especialistas abordando temas educacionais que mobilizam a sociedade brasileira e a atuação do Congresso no apoio à educação básica. Acompanhe nas redes sociais da FPME e no youtube da Anebhi.

 

Frente Parlamentar Mista da Educação,
Brasília, 24 de fevereiro de 2021.